"Os patos de Sophia
Este vai ser o ano de Sophia de Mello Breyner e as comemorações iniciaram-se com a entrega do seu espólio à Biblioteca Nacional. Os jornais divulgaram bastante o acontecimento e um deles revelou uma história genial que os filhos quiseram partilhar com os presentes na cerimónia e que também eu não resisto a partilhar com os leitores deste blogue. Ao que parece, terão dado um dia a Sophia dois patinhos amorosos, a que ela achou imensa graça – enquanto foram pequeninos, claro, porque entretanto cresceram e ela ficou sem saber o que fazer com eles. Como mulher pragmática que era, telefonou mesmo assim para o então presidente da Gulbenkian, Azeredo Perdigão, propondo-lhe a oferta dos ditos patos para os belíssimos jardins da Fundação. O senhor não terá achado o facto estranho, porque marcou um dia para a entrega, convidando inclusivamente a poetisa para almoçar com ele. Sophia compareceu na data e hora marcadas com os seus patos (que, claro, ficaram a fazer parte da fauna gulbenkiana a partir desse dia) e, durante o almoço, ficou muito surpreendida quando Azeredo Perdigão a presenteou com uma medalha, tendo indagado o porquê de tal distinção (pareceu-lhe que a oferta dos patos, por certo, não o justificava). Foi nesse momento que Azeredo Perdigão lhe explicou que era a primeira vez que alguém vinha dar alguma coisa à Gulbenkian, porque normalmente só vinham pedir..."
Manifestemos também a nossa generosidade em relação a Sophia de Mello Breyner, invocando o seu poder criativo através do nosso espectáculo "No Jardim do Rapaz de Bronze":
No Jardim do Rapaz de Bronze nasce um dia um Gladíolo que gosta de festas. Indignado por não ser colhido pela Dona da casa para a festa das pessoas, o Gladíolo decide organizar a sua própria festa. Para isso, terá de pedir autorização ao Rapaz de Bronze, o rei do jardim.
Irá o Rapaz de Bronze conceder ao Gladíolo o privilégio de organizar uma festa? Quem irá fazer parte da Comissão Organizadora? E o que colocar nas jarras, se as flores estarão todas a dançar?
Esta nova peça do actus vai levar-nos a um lugar de sonho, um lugar mágico concebido por uma das maiores autoras portuguesas: o lugar de Sophia, o seu jardim de palavras e de aromas, de risos e de estrelas, onde a alegria do ser humano se vem impor à futilidade e às aparências.
"A noite é o dia das coisas"... A humanidade desperta sob o luar na pele de pedra das estátuas, que falam com rectidão; na casca antiga das árvores sábias, que observam o vaivém das pessoas e a sua ansiosa inconstância; nas pétalas coloridas das flores que envolvem todo o jardim com a sua vontade de ser como os homens. Algumas são sentimentais, outras são selvagens. Umas são sonhadoras, outras, maçadoras. O Cravo, a Begónia, a Orquídea e a Rosa ganham vida num local em que as borboletas e os pássaros são tão humanos como o Jardineiro e a dona de casa.
"A noite é o dia das coisas"... A humanidade desperta sob o luar na pele de pedra das estátuas, que falam com rectidão; na casca antiga das árvores sábias, que observam o vaivém das pessoas e a sua ansiosa inconstância; nas pétalas coloridas das flores que envolvem todo o jardim com a sua vontade de ser como os homens. Algumas são sentimentais, outras são selvagens. Umas são sonhadoras, outras, maçadoras. O Cravo, a Begónia, a Orquídea e a Rosa ganham vida num local em que as borboletas e os pássaros são tão humanos como o Jardineiro e a dona de casa.
E, no centro de tudo, a criança que há em cada um de nós será tocada pela magia do lugar. Tal como Florinda...
Nenhum comentário:
Postar um comentário