O actor e o medo


O trabalho do actor constituía para mim um mistério. Enquanto espectadora, sempre me maravilhei com a capacidade de transformação da pessoa em personagem (persona – máscara). Quem conhece pessoalmente alguém com a capacidade de se transfigurar num palco, ao ponto de não reconhecermos a pessoa, saberá a que me refiro. A colocação da máscara é invisível e imediata. No palco não está a pessoa que conhecemos, mas um outro. E isso é fantástico, mas ao mesmo tempo aterrador.

No entanto, desde que trabalho em produção teatral, à medida que vou percebendo os mecanismos por trás dessa magia, os exercícios, os ensaios, o estudo, percebo o que há de complexo e de intenso no trabalho do actor. Não é magia, é muito trabalho e algum talento.

E a emoção, matéria-prima desse trabalho, a verdadeira emoção matriz deste processo, é o medo.

Vejamos algumas declarações de actores, que tenho vindo a recolher:

“No palco sinto-me seguro, embora pareça estar exposto.” – a sensação de segurança versus o medo de exposição.

“Venci a minha timidez no dia-a-dia.” – o medo nos relacionamentos vai sendo atenuado à medida que o actor se expõe em cena.

“Ser outro, ser uma personagem.” – o medo de si é suplantado na medida que se transforma no “outro”. Aí, encontra-se seguro.

“Gosto da adrenalina antes de entrar em cena.” – o medo de falhar, de estar exposto, provoca esta adrenalina, que impulsiona o actor a vencer o próprio medo.

Note-se que o medo não é propriamente algo negativo. É a emoção mais primitiva que carregamos nos genes, desde o período obscuro da vida entre os perigos naturais, dos animais selvagens, das cavernas escuras e frias, do universo totalmente desconhecido. É a emoção que nos permitiu sobreviver. É a emoção que nos fez vencer os perigos, que nos fez criar a luz e as ferramentas de defesa. É emoção que conduz um ser humano a um palco, e o leva a fugir ou o impulsiona a vencer essa mesma emoção.

O medo que sinto de pisar um palco é o mesmo medo que faz com que o actor se entregue à personagem que ali irá nascer.

por Susana Sousa
Produtora do actus


Recomeçar...


Do palco, olhamos para a plateia. Vazia. É assim que vai estar durante o próximo mês, enquanto ensaiamos as peças. 

No silêncio deste espaço, vão começar a surgir as primeiras palavras, acompanhadas pelos gestos, movimentos e intenções que irão dar vida às personagens. Ainda sem roupa, sem luzes, sem música, sem cenários. Num vazio que pode ser tudo. Um quarto de hotel. Um jardim de flores. O oceano. A margem de um rio. Uma casa em chamas.

Antes que os espectadores cheguem, teremos de preencher cada espaço deste vazio. Para que tudo esteja perfeito em cada representação.

Preparem-se, actores. O ensaio vai começar!

 


Férias!!!


Chegaram as férias! Vamos aproveitar a praia para recarregar energias. No próximo ano lectivo voltaremos com os nossos espectáculos.

A nossa sugestão para este verão é: ler, ler e ler!

Boas férias!

RTP - FALAESCREVEACERTAGANHA

Estreia hoje na RTP2 às 17h30!

É um jogo a pensar nas meninas e nos meninos do 5º e do 6º ano e na terceira geração de luso-descendentes. Todos os dias, duas equipas de concorrentes vão responder a perguntas sobre gramática e ortografia, vão escrever textos, soletrar palavras, corrigir erros, ler e interpretar. A brincar também se aprende.

Fiquem atentos... O actus também vai participar!